Não sei se passei por debaixo da escada errada, se quebrei espelho sete anos atrás ou se derramei sal sem jogar uma pitada por sobre o ombro direito.
Não sei.
Não sei se sentei em algum chapéu, se cortei as unhas em noite de lua nova ou se calcei o sapato esquerdo antes do direito.
Não sei.
Quem sabe foi algum gato preto que me cruzou o caminho. Ou os três que criei. Ou aquele que tatuei...
Não sei.
Será que deixei de bater na madeira? De fazer figa? Esqueci do sinal da cruz?
Ai, Jesus, não sei.
Será que foi o elefante da sorte que eu quebrei? O pé do coelho que eu não arranquei? O trevo de quatro folhas que eu nunca achei?
Não sei.
Abri guarda-chuva na sala? Matei aranha? Grilo? Esperança? Lagartixa? Brindei em copo trincado? Foi aquela coruja que eu não espantei? Foi?
Não sei.
Só o que sei é que num cruzar de facas, num virar de chinelos, numa volta completa em torno da casa, numa praga de madrinha postiça, numa sexta-feira, bem, bem treze, eu encontrei você.