terça-feira, 11 de março de 2014

vER - por Adilma Secundo Alencar

     Romper as amarras da semana com o mínimo de poesia, com a memória de beijos, o olhar de espera., porque a vida é um cismar contínuo ,de mel, de garapa, de sal, de saliva e de palavras dissonantes. E no silêncio  de um abraço,explodem alegrias sem nome. "A vida é generosa".
É de abraço e de força que as ternuras me tomam o olhar. Não há tristeza ou mágoa que valha mais que mãos dadas, flor nascendo, pétala caindo,cílio caindo, uma vontade vagabunda de tomar o mundo e espalhar palavras em qualquer canto.
   O mistério de um dia nascendo azul,laranja,amarelo, nascendo vermelho, fazendo carinho na grama, no asfalto, esse mistério atravessa o peito e brota milagre aos nossos olhos fatigados dos códigos da semana. O nosso tempo anuncia crueldades.Condenam o amor, sugerindo-lhe ordem, matam, exaltando um Deus de amor, cresce o sangue no olho e padecem as mão dadas. No receio desse estreitamento de vida, na angústia das coisas doídas que as leituras impressas revelam, eu tomo tua mão  e colho girassóis. 
   Recuso-me à raiva, os ônibus parados, o meu signo pré-datado, as letras de meu nome classificadas numericamente numa multidão de desconhecidos, os prazos prevendo e permitindo minha fala ao longo de um módulo, esse crachá pesando uma âncora, pendurado no meu pescoço. Eu me alimento de luz esquentando minha cara, de cheiro de livro, de visgo de noites insones, de cheiro de sereno, de café no gosto da tua boca, de dividir um céu inteiro com tua imaginação, porque eu sou dada às alegrias, sou ausente de guerra,minhas mãos grossas e tímidas não sabem guerrear, com poesias roubadas e os olhos em festa, eu vivo.

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