terça-feira, 26 de novembro de 2013

dUAS MENINAS - por Adilma Secundo Alencar.

 A menina desce a rua decidida a lançar o coração como granada, no terreno minado do coração de seu bem só nasce capim-santo, erva-doce. Mas ela insiste em atear fogo, não sabe ainda que a menina dos seus olhos é de água doce, que já nasceu com um beija-flor no peito. Vai fervendo de ira, ciúme e tesão,vai decidida a terminar na contramão do desejo, na ponte dos caminhos óbvios.Ela parte para o encontro com um coração em larvas e chorando uma dor emprestada do mundo. Suas mãos encontram nuvens, mato, manto e renda. Elas costuram entendimento de bicho, silêncio de semente.
O dia é só um lugar de estar. A chuva é cenário. O céu é um tesão vermelho reverberando nos corpos nus,batizados na vontade de laço no lençol com cheiro de flor.
Elas não falam protocolos, não predestinam o dia seguinte. O terreno baldio é jardim e a cidade é um canto de ser feliz, na guerra da vaidade, na raiva. Comungando mel, ela volta com as mãos vazias de granada, com o peito de algodão-doce. E um sorriso que escorrega nos cenários frios da cidade de São Paulo. Reparando bem, são meninas aprendendo beija-flor, comendo manhãs, anunciando rosas e desejos violetas.

São só duas meninas.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

rESOLUÇÕES DA INSÔNIA - por Vinícius Linné

Quantas vezes, quantas vezes ele disse que faria tudo diferente, que estaria disponível para a vida que viesse, que sairia mais, conheceria pessoas, cumprimentaria estranhos nas ruas?

Quantas vezes ela prometeu que renasceria, que teria outros olhos, outros ares, outras histórias para poder contar?

Quantas vezes, quantas, você jurou que sorria mais, que diria sins, que não franziria tanto a testa e nem carregaria tanto amargor nas costas?

Quantas vezes ela tentou se convencer de que valia alguma coisa, de que também era alguém, de que merecia ser amada?

Quantas vezes, quantas dúvidas, quantas vozes internas a lhe dizerem que isso era besteira?

Todas as vezes o mesmo. Uma determinação ferrenha que lhes domava o corpo, eriçava os pelos, despia os medos e afastava de vez o sono.

Quantas madrugadas de vidas criadas, mudadas, inventadas? Quantas vezes a determinação eufórica de que, a partir da manhã seguinte, seria tudo diferente? Não sei.

Todas as vezes a mesma manhã seguinte. Acordar cansados da noite mal dormida, exauridos de planos, despertos para o trabalho de sempre, para a constipação de sempre, o gosto amargo de sempre na boca e na alma.

Tudo lama. O ônibus apertado, o relógio ponto quebrado, o computador com a emoção bloqueada. De novo o almoço, outros estranhos, os mesmos medos. A vida mesma. Tudo igual. Quantas vezes o mesmo? Todas. Todas as vezes.

Era preciso não esquecer, nunca mais, de comprar o Rivotril.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

aPOCALIPSE - por Simone Huck

Acendo um cigarro imaginário e desço uma rua verdadeira. Troquei a palmilha dos meus sapatos. Estou mais alta. Estou mais curvada. Estou envelhecendo rápido. Tenho fome de flores e sede de nuvens. Estou caminhando para o fim do mundo sem mapa.

A mãe está cansada da quimioterapia. Estou cansada de mim mesma. Sento no balcão da primeira padaria. Ainda não é o fim do mundo. Estou na metade de um caminho desconhecido. Peço um café de crenças com pouco açúcar e um pão nosso de cada dia. Pouca manteiga. Não há fé no cardápio. Bendito seja quem acredita. Os dias são apenas uma estatística. Nunca gostei de matemática.

O café chega frio e duvidoso. O pão fala muitas línguas. Mentiras e verdades são batidas com leite, farinha de trigo e dúzias de ovos. Não reconheço onde estou. Minha boca não sente mais o gosto de algumas certezas. A vida é uma pedra de aspartame. Um experimento. Inúmeras probabilidades. Não consigo interpretar todos os dados. Nunca gostei de matemática.

Sombras entram na padaria. Ossos humanos dividem o mesmo balcão. Dúvidas coletivas se abraçam e recitam algum poema sem sangue. Somos todos amigos.

Tiro meus óculos. Espelhos do céu refletem minhas olheiras. Estou trocando de pele. Vou ser uma outra pessoa. A padaria é uma das paradas para o fim do mundo. Um pedaço de pão e um cálice de vinho. Estou na missa de sétimo dia das minhas crenças. Ninguém recitou o pai-nosso. Somos todos amigos. Pão e vinho. Café com leite. A padaria é uma igreja. Meu coração é um templo vazio. Santificado seja o café, a hóstia e as novas amizades.

"Amém". 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

rOSA- por Adilma Secundo Alencar.

Ele não tinha aquela pressa de homem urbano, amava sua esposa com um amor doce e calmo que era como um cheiro de alecrim. Chegando cedo do trabalho de marceneiro, ele lavava a louça, comprava uma cerveja e pensava no vestido de Rosa, era apaixonado por aquele balançar de panos e vontades. O sol se despedia, ora frio, ora quente. Ele, sereno, era um homem rente ao abismo da calma, acendia um cigarro, tirava a camisa e esperava. Tantos desejos esperavam ao seu lado.
Lá fora, depois de sua calçada, o mundo seguia tumultuado, mais motoqueiro acidentado na Avenida Rebouças, mais um atendimento do SAMU, mais uma enfermeira iniciante nervosa diante do sangue, mais um homem com o coração sangrando de amor e abandono, mais uma mulher gozava seu abandono num corpo que não amava, mais um estudante se apaixonava pela professora de história, mais um atendimento tardio e um homem morria, mais um exame positivo e a menina vingava depois de tantas velas à Fátima. Nas igrejas, lágrimas de alegria e de dor, de culpa, medo e angústia. Nos motéis, toalhas, calcinhas e promessas cheirando à verde musgo.
Mas dentro do peito dele, dentro de sua casa, só cabia Rosa

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

aS ARCAS DE LAMÚRIAS - por Vinícius Linné

Somos tolos e sentimentais, temos arcas cheias de ouvir lamúrias. Nossas próprias lamúrias. Apesar disso, você se julga melhor. Você se julga feliz. Não me engana. Eu conheço o fundo e o topo dos seus baús. Eu conheço suas queixas e os traços negros que lhe desenham.

A diferença é que eu exploro minhas entranhas sentimentais. Eu as espalho no asfalto e vou chamando gente para ver. Eu as torço e pinto flores feias com o que delas escorre. É o que se tem para pintar. Eu deixo minhas arcas abertas, arejo os panos, penduro nas janelas, exponho e não me envergonho disso. Elas são minhas, as lamúrias. Elas são eu.

Você não. Você as tranca e esconde no porão, como se não fedessem por trás do seu sorriso falso. Você varre os corpos da casa, encerra as tristezas nos armários para que elas não apareçam nas suas fotos. 

Nas suas fotos, nas suas frases, nas suas poesias todas ruins, você é solar. Você reluz, você irradia. Enquanto isso, por dentro, você é lua nova. Você é céu escuro, você é solidão sempre e o pesar de se ser. Mas isso ninguém vê.

Você acha que há delicadeza em esconder as arcas. Não há. Há falsidade. A mesma falsidade brava que você condena em cada um que passa. Eu não escondo. Não escondo porque é o que há para se ver de mim. É o que tenho para dar. É o que entrego a quem passa. Minhas lamúrias podem soar vergonhosas para você. Desculpe. Mas elas soam como canção para quem também as possui e não tem vergonha de confessar: "Hoje eu sou infeliz. Hoje. Você pode ser infeliz comigo? Assim, pelo menos, nossa solidão será menor. Só assim."

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

sOCIEDADE SÍSMICA – por Simone Huck

Otávio rasgou mais uma foto e não conseguiu assassinar da sua memória o rosto de Margarida.
Claúdia deletou outro arquivo mas não limpou a lixeira.
João furou o preservativo no dia em que Angélica estava ovulando.
Maria abortou outro filho e não chorou.
Bárbara teve febre a noite toda.
Paulo engoliu outra neosaldina.
Francisco vomitou quatro pregos e não conseguiu morrer.
Isabela pendurou o quadro na memória e esqueceu.

Kátia chorou e ninguém percebeu.
Marcos mentiu e todos acreditaram.
Simone desistiu e não fez diferença.
Cristiano gritou mas ninguém ouviu.

Placas tectônicas descansam sobre o magma do planeta Terra.
Não há previsão de terremotos, ondas gigantes ou ciclones para esta noite.
Jair está em rotação e ainda duvida de tudo que ouve.
Débora está em translação e ainda acredita em tudo que vê.

Você - que lê esse texto - tem um relógio no pulso, na parede ou no estômago. 
Ele avança. 
Ponteiros e segundos caminham para o funeral de todos os homens. 
Não conseguiremos fugir.
O mundo é uma convicção apostólica. 
Jamais duvide.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

lARANJA - por Adilma Secundo Alencar.

Ela mudou de cidade e fez um pacto de amor com seu próprio corpo, com sua luz. Vivera muito tempo querendo tudo que era oferecido, a casa, o emprego, a vida par. Mas uma inundação de beleza invadiu seu gosto. Agora ela assumia sua própria loucura, é caro viver assim. A vida dela segue devagar e simples. Não sabe cuidar da casa. Passa horas olhando o céu, o asfalto quente, as mulheres pintadas, os homens barbudos, as cores frias do inverno. Dedica seu silêncio e seu afeto ao primeiro sorriso amigo que lhe oferece colo, cama, calma. Ela também dói. Antes não sabia dar esse afeto largo que seus olhos pingam, antes temia a ilusão, hoje só acredita nela, é tudo ilusão. Escolheu a mais cara e mais colorida, a quase loucura de tardes alaranjadas embaixo das árvores sadias e sós. Sangrou pelos olhos com um amor que lhe imprimiu a eternidade nos dentes, no suor, na comida,no filho que não teve, vive assim prenhe de perfume e delicadeza. Ela procura é repouso para esse tanto de amor, e encontra nos bons dias de olhos calmos e grandes. Nas noites que além do corpo está à luz, regada a desejo e fome. É de água e sol, porque não condiciona o gosto, não evita a dúvida de querer bem.
Ela não tem par, não tem páramo. Desfila dúvida e um milhão de feixes solares, a tristeza não dura, porque ela sabe cozinhar massas, sabe fazer doces, sabe se sentar à mesa sem nódoas no peito, sabe comer como um bicho sabe comer, com prazer e com fome.
Cambaleia na multidão, vê o lirismo como a religião do seu corpo, os cartões, as cartas, os laços de gente. As crianças invadindo a grama, as crianças despindo Deus. É milagre e abismo essa beleza que ela enxerga. É quase cessar os ponteiros dos homens e se render às açucenas, aos girassóis.

Ela sabe dançar. E não tem tristeza que não derreta numa manhã como a de hoje, alaranjada.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

iNOMINÁVEL - por Vinícius Linné

Dos livros que você lê, eu sou as palavras que não têm. Eu sou o que está por trás dos pontos, dos parágrafos, dos conceitos e dos homens muito velhos, de barbas longas. Eu sou as palavras que você evita, as que estão repetidas e repetidas, sempre e sempre, nos romances cor de rosa, lá, nas bancas de jornais.

Eu sou as palavras de que escorrem mel nos poemas ruins. Eu, que fico fora dos jornais, dos receituários, dos diagnósticos, dos males e das curas. Eu, que fico de fora das cifras e dos horóscopos, das teorias e dos emails, das imagens e dos textos sacros. Eu, que não sou escrito em braile, nem pronunciado dentro dos bares. Eu, que não exorcizo nem conjuro, não excito nem relaxo, não dou consolo nem doo demais. 

Eu, e só eu, saberia te dizer do jeito certo o que você precisa ouvir. Eu, e só eu, saberia acariciar teus olhos se você me lesse. Mas você não lê. Não lê porque pressente em mim uma armadilha. Não lê e me evita na concretude de seus livros velhos, nos estudos e nos artigos, nas resenhas e nas senhas que, eu sei, ainda têm meu nome.

E será sempre assim: enquanto você não disser minhas palavras, elas não existirão. Enquanto você evitar o abstrato da minha pele e a concretude do que sente, estará salva.

Mas salva de quê?

Da vida? Meu Deus, da vida?

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

rECEITUÁRIO - por Simone Huck

"Paz e Amor",  Beatriz Milhazes


DE USO TÓPICO, ORAL, SUBCUTÂNEO, INTRAMUSCULAR ETC.
1) Regue suas cores. Lustre suas flores. Seque a ponta da sua língua. Penteie a dúvida para fora da sua cabeça. Corte as unhas da tristeza. Embrulhe a depressão em um pedaço de jornal e mire na primeira lata de lixo espalhada pelos postes da sua cidade inquieta. Acerte o passo. Ria no descompasso. Observe os espinhos. Não tenha medo do que sangra. Há uma sabedoria na dor. Aprenda.

2) Coloque na sacola os dias cinzas e leve sua nostalgia para passear. Compre bons livros e faça amizade com cada palavra cúmplice. Alimente-se de vírgulas sensatas. Engula pontuações sem equívocos. Devore o livro todo e deixe nascer dentro de você uma nova história. Uma outra possibilidade. Descubra caminhos novos em estradas antigas. Não tenha pressa. Observe.

3) Ajude um idoso atravessar a rua. Ensine uma criança escrever a palavra paz. Cuide dos seus pais até o último dia da sua vida. Dance no metrô. Dance no banheiro. Dance em cima dos seus obscuros medos. Abra a janela e dê bom dia para a planta que nasceu no meio do muro, entre as pedras. Aprenda com o bueiro o que deve ser sobra, lixo e resto. Aprenda com o asfalto o valor da caminhada. Abrace o céu da sua vida. Ande de mãos dadas com seu melhor amigo. Apaixone-se por você todos os dias. Sorria.

4) Ame mais. Ame cada dia mais: sua vida, o cadarço dos seus sapatos, o pijama velho, sua calça jeans rasgada, a camiseta branca amarelada. Transe todos os dias com você mesmo sem preservativos. Odeie cada dia mais a falta de paz, a confusão, os gritos, a falta de educação e o egoísmo. Ajude a carregar os tijolos para a construção de um novo planeta, uma nova era, uma galáxia inteira. Trabalhe.

5) Abrace ao entrar e ao sair. Distancie-se de tudo o que não acolhe e afasta. Seja inteiro. Seja íntegro. Seja justo. Seja fiel a você mesmo durante o dia, a tarde e a noite toda. No outro dia, também. Reconstrua-se sempre que quebrar. Permaneça em pé e deite para reconectar-se. Beije uma estrela e faça-se demasiadamente feliz. Confie.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

mANGA -por Adilma Secundo Alencar.

Manga.
No último domingo de calor e luz, as suas lembranças iluminaram as paredes do meu quarto. Eu a vi dentro de um raio de sol que me esquentou os seios e meu sorriso se abriu em intenções ternas e cálidas, porque é de minha natureza o visgo, o vinho. Eu tomei suas mãos como estrada, e essa constante ressaca do seu gosto de manga agora é saliva e saudade.
A consulta, a salada, a lotação, o boleto, a luz e a água, tudo na gaveta, para depois, como tem que ser. O mundo cede à poesia, meu alumbramento passeia pelos ombros pesados dos homens de vida reta, nas lágrimas absurdas das mulheres tristes.
Meu susto é um beijo molhado nos sorrisos que seguram a vida rente à carne.
A raiva não rima com nada, a raiva não sabe dançar. A raiva dá tiro, dá úlcera. A raiva é o monstro mais feio, mais feio que o abandono.
Hoje, eu só adoeço é desse amor vagabundo que o meu corpo quer. Se querer bem assim trouxesse de volta o buquê de flores verdes que me levaram.Mas não,o mar não pode ser minha metáfora.
Foi de espinho e chumbo meu primeiro alumbramento, e agora tudo é pétala e pele. Para a morena que é de água afloro em sorrisos verdes de meninice desmedida. Ao homem triste e fechado dou é verbo de lã e fogo. O inferno salta aos olhos, e eu já sei preferir a saúde de ser doida. Eu jogo flores sobre as armas e sepulto meus mortos com comida e bebida, de comer e de beber e esquecer o nome.
Eu quero esse susto eterno de desatinar em alecrim e chuva, sol e margaridas brancas.

É de viver o meu sorriso, é de viver.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

vAZIO - por Vinícius Linné


Coração vazio não pulsa. Bate. Bate no peito, dá socos, pontapés, machuca pela agudeza da sua própria solidão.

Coração vazio não pulsa. Não distribui o sangue, não te deixa vivo por dentro, não te faz querer escrever, pensar, cantar, viver.

Coração vazio não pulsa. Faz eco. Eco das nossas próprias sensações vazias, da nossa falta de sentido (e falta de sentir), da nossa impossibilidade de compreender o para quê da vida.

Se não vim antes aqui foi por falta de ter alguma coisa dentro do coração. Ainda não tenho, mas voltei porque é primavera e qualquer coisa no ar nos explica. Qualquer coisa nos justifica. Voltei porque compreendi que o coração se tem sempre vazio, não importa quem esteja do nosso lado, não importa quem povoe nossos pensamentos, não importa por quem nós fechemos os olhos. Ele continua sempre vazio.

Continua porque ele só poderia se preencher de si mesmo. E ninguém é tão tolo assim. Por isso eu vim. Vim para dizer que ainda há um talvez em mim. Ainda há uma possibilidade, mesmo vazia. Não de ser feliz, não de ser completo, não de ser alguém, não de ser teu. Isso seria tão tolo quanto querer ocupar um coração que, por essência, morrerá vazio.

Vim porque há uma possibilidade de me deitar na tua cama. Uma possibilidade de tirar minha roupa e desfazer meu corpo no teu. Vim agora porque percebi que não há mais do que isso. Não há futuro, não há final feliz, não há sim no altar. Há isso e despedidas. Há isso e reencontros. Há isso e motivos para voltar. Há isso e aquele primeiro abraço, o primeiro contato, a primeira fagulha a queimar tua pele onde meu beijo a marcou.

É por mim que tu ainda fechas os olhos. É por ti que eu ainda fico acordado à noite.

E, mesmo assim, são de vazios imensos nossos corações. E para sempre serão. Por isso eu vim. Porque perdi o medo de perder aquilo que não se tem.