Eu sabia, do primeiro Oi ao último Eu te amo, eu sabia que era mentira. Eu sempre soube que você mentia para mim. A novidade, meu amor, é que é preciso duas pessoas para mentir, uma para fazê-lo e outra para acreditar. Eu não o culpo. Eu quis acreditar.
Eu quis acreditar que era importante para você, que era a única, que era a felicidade encarnada em pele branca e lábios roxos de frio. Eu quis acreditar que seríamos felizes, mesmo sabendo, palavra após palavra que você mentia. Eu sempre soube. Era algo na sua pele, na sua aura, no modo como seu sorriso travava seu rosto, nas micro expressões que eu lia pelos espelhos.
Mas sabe, meu bem, a verdade é que eu menti também. Uma mentira só, pequena. Minha mentira foi fingir que acreditava em você. E foi preciso, meu amor, foi mesmo preciso. Sem essa minha mentirinha você jamais abriria a guarda, jamais entraria em mim. Não você, não com tantos princípios e tantos ideais. Não você com suas paixões e poesias. Por isso eu menti. Se não mentisse, jamais teria conseguido chegar perto o suficiente para assassiná-lo, como o fiz.
Perdoe-me, então, amor. Pela mentira.
Sempre sua,
Lila.
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