Eu não sei dizer direito. E
se eu fizesse de nossa natureza verbo, o que eu diria desse meu olhar tonto de
desejo? Qual seria o nome dessa sua
violência açucarada de canela e cereja?
Essa explosão em força.
Essa explosão em força.
Você tomou com a força de
seus olhos e a ousadia de sua boca todos os meus advérbios de intensidade. E de
tanto e tanto desejar sua língua, esse verão de 40 graus fez açude nos nossos
lençóis amassados.
Olhando sua pele sob a luz
da lua, fez sentido desde a pedra à escritura em ofício o registro de seus encantos de mulher. No visgo do desejo, na sagração da carne em oferenda ao mar
entre suas pernas, se deleita no arrebentar das ondas, enquanto cai por terra o
pudor imoral de quem desconhece rios e raios desse fevereiro agudo.
Rosas e letras, riscos e
rasgos. De sangue e de letras surgem cicatrizes e flores, e quando você me dá sua
mão, eu seguro meus verbos mais bonitos. Os meus signos nus descansando nos seus
braços são seus. São suas também minhas horas de dengo, minhas receitas de
bolo, e as músicas do Marcelo Camelo.
Eu queria tecer uma colcha
de retalhos com suas cores, fazer uma colagem com seus cabelos curtos, seu
batom rosa cintilante, seu vestido azul, seus cílios descansando no meu
travesseiro, sua mão pequena tomando minha nuca, suas cerejas, seu joguinho de
jujubas no celular (que certamente tem outro nome), seu playlist, bolo de limão, caipirinha de maracujá, Clarice, sol de
três da tarde, cio, rede, grama, sessão das seis, salto, rímel, peitos queixo, passos,
pele, pranto, letras, o livro das flores, as músicas do Caetano, a doçura de
Caeiro.
Mas eu não sei tecer essa literatura
de plasma, de folhas, de algas que tanto você gosta, eu só sei olhar, com um
jeito besta e meu, eu só sei o susto de ver você arrebentando tudo como o mar em
dia de ressaca.
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