terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

sUA CASA - por Adilma Secundo Alencar.

Foi numa tempestade que tudo começou. A virtualidade me apresentou à sua poesia de semântica aguda, os meus olhos correram velozes nas suas esquinas sintáticas e suas letras me levaram às suas lentes, embrenhados ali naquele canto virtual, os signos do recorte e do corte escorrendo uma melancolia enquanto passava café.
E depois, a avenida, a rua, o aconchego de uma casa febril, onde me apresentou um hóspede menino e homem, lírico e triste na sua alegria de amor e serenidade. 

Ela recortou uma parte minha e eu apareço para cuidar da casa que ela ergueu, com o cuidado que eu não teria, ela pintou as portas, mediu os espaços e abriu a casa como uma tesoura corta um pedaço de seda, num rasgo suas letras nos trouxeram estrias de uma cidade inchada, rosas murchando, brotando,suicidas nus no trampolim insensato da paixão morta. Pelas suas lentes um homem levando uma carroça se agiganta levando o dia, levando o mormaço do desespero, deitado no concreto que a criou, os homens saltam gigantes, os guarda-chuvas pulam, bailarinos da garoa.

Seu olhar descortina uma cidade que é só dela, e suas letras tempestivas arrastam mulheres e edifícios. 

Nessa casa,eu e ele esperaremos por ela,zelaremos de suas escolhas e ansiosos,esperaremos que ela volte,rasgando tudo como arma branca.

2 comentários:

  1. Cada um vê a casa por seus próprios olhos. E que linda ela é pelos teus. Que texto lindo é esse. Orgulhoso e tranquilo. Ela foi, mas me deixou bem acompanhado.

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