No meio da multidão tem gente vendo coisas abandonadas: um pedaço de céu, um pedaço de bolo de milho, um trecho de um poema antigo resgatado num papel amarelo, um envelope, tem gente selando cartas e aprendendo o movimento das flores.
O trabalho repete o roteiro e o café convida o corpo para um livro vermelho, pelas páginas de romã de lábios em sim, pelas vontades abrindo botões e mistérios, pelos largos caminhos da comunhão das coisas sofisticadamente simples, por ser irresponsavelmente doce, os olhos dela crescem nas cores quentes e prendem o afago mais íntimo, a força mais extrema como um rio turvo em correnteza iluminando uma manhã no mato ermo de gente e de bicho.
Alguns homens apartam bezerros no interior de uma cidade qualquer e desejam água, fumam fumo de rolo e cismam na seca e no céu, outros nas salas velhas e sábias e frias das universidades tentam entender a velocidade dos beija-flores. Tem gente rindo das notícias e fazendo poemas modernos nas portas de banheiros público.
A todo momento tem gente pulsando, pulsando grampo, faca, folha, rima, ramo verde, filho, riscos, desenhos, discos, código de célula, de cédula.
A todo momento tem gente.
Gente lendo e viajando em sua fotografia falada há também.
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