terça-feira, 1 de abril de 2014

mALUCA -por Adilma Secundo Alencar.

          Ela comprou canetas coloridas e um par de sapatos vermelhos, ela faz compras, artigos, biscoitos, birra, cartas, planilhas, sopas, riscos, rasgos. Ela é maluca, ela faz amor com a chuva, na chuva, ela está presa a um mundo de pequenos milagres e certa vez chorou vendo um nascimento de sol numa Segunda nua cheirando a vodca. Ela pode a qualquer momento eternizar um rosto e minar de amor suas mãos firmes ou chorar uma angústia primária e sem nome e  de repente fugir deixando seus dois filhos,porque uma barriga com gente é um encantamento que ela não soube ter, não sabe, não soube.
     Mas há filhos seus, porque suas retinas reconhecem a mesma carne sua multiplicada nos rostos outros e é por isso que evita, avilta, prescinde da guerra, porque os nós das almas alcançam menos entendimento que fado.
     Na explosão tímida de uma palavra atravessando a garganta com menos certeza que tremor, com menos medo que vontade, como as unhas crescendo indiferentes à vontade, como uma planta, uma palavra que quer romper uma língua, ou um imperativo que quer deitar numa cama, nessa explosão anunciada pela sua respiração,ela dança.
      Colorir o sal dos dias e plantar pequenos milagres porque é só por amor que se vive, ela sabe,o resto é entulho e mágoa deixando a gente triste.
Por amor, as mãos, apesar do avesso, ainda fazem carinho, por amor ela acorda para o mar de milagres, do pequeno quarto come superlativos de fantasia pelos  cantos mais escondidos do mundo.
Ela é maluca.

Um comentário:

  1. Sempre que leio suas coisas, minha inspiração acende. Ler você é escrever eu. Sempre na sequência.

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