Ela não entende, mas é preciso muito mais do que presença para acabar com uma solidão. É preciso de uma música que a aumente, de um vinho que a entorpeça e de um lugar afastado em que só a lua a ilumine.
A solidão precisa de uma cama, de lençóis limpos e de uma noite sem sono. Ela precisa do cheiro de velas e de ter muito em que pensar.
Ela precisa de um sonho que não vai se repetir, de cartas de tarô rasgadas, de um passado qualquer e dos arrependimentos certos.
A solidão precisa que se ande pela casa de madrugada, que se pegue na geladeira um copo d'água e se beba enquanto se olha pela janela, enquanto se ouve só o silêncio da cidade para sempre adormecida.
Ela não precisa de consolo, de afago, de uma poesia qualquer. Ela precisa ser. Ela precisa existir até o fim, sozinha. Ela precisa vagar, pensar, ver. Ela precisa ser amplificada até os limites da dor.
Ela precisa se nutrir, crescer, se reproduzir. Ela precisa do vento no rosto, do silêncio da noite, da indiferença de alguém, da madrugada toda.
Ela precisa da mesma música tocada em repeat, da consciência de que o sol demora a nascer, de uma mensagem que jamais foi respondida, de um e-mail que jamais será enviado e de um amor. Um amor que nunca mais será. Nem esquecido, nem vivido.
A solidão não precisa de alguém, meu amor. A solidão precisa de mim.
Linné, que texto mais bonito,suas letras me tocam, às vezes,como agora, me fazem um estrago no peito. Parabéns por esse feitiço de tecer coisas bonitas.
ResponderExcluirUm xero.
Somos feiticeiros do mesmo caldeirão.
ExcluirXero pra você também.
Minha solidão precisa, também, de almas como a sua. Comungamos da mesma indagação. A solidão precisa de febre.
ResponderExcluirBeijos,
Huck