Mild Deliria - Diploma work
Pencil on paper / 2003
Você abre os olhos de uma ressaca planetária.
Abraça as próprias pernas mas continua sozinho.
Uma solidão hedionda caminha por suas hemácias.
Você vai
até a geladeira,
abre uma
garrafa de leite mas não consegue beber uma via láctea.
Dúvidas
lunares ecoam dos seus olhos.
De restos e
recomeços você é feito.
Um
liquidificador de traumas e sonhos.
Pão com
manteiga de esperanças vencidas.
Sua língua
é um trapézio sem bailarina.
Ar ou chão?
Ar ou chão?
Seus ossos cansados perguntam pelo colchão da outra cama.
Você não
dormirá naquela casa nessa noite.
Nem naquele
coração que eventualmente jura que te ama. E grita.
Você apaga
a luz das crenças sem felizes memórias.
Sua traqueia
está cansada de sonhar com uma casa cheia.
Um livro sem palavras cai das suas mãos.
Sua alma cai
do seu corpo.
Uma larva fica mais gorda.
Você desiste.
"abre uma garrafa de leite mas não consegue beber uma via láctea"
ResponderExcluirO que você bebeu, Huck, para escrever isso?
GENIAL.
Bebi uns goles da minha solidão, Franco. Mais nada.
ExcluirBeijos
é preciso coragem pra ir tão fundo....obrigado por compartilhar...tanto a si como a sil...bjss!!!
ResponderExcluirSerá que é MESMO de mim, Cícero Fornari?
ExcluirObrigada pela leitura.
Beijos.
Sempre excelente, Simone! Parabéns!
ResponderExcluirUm abraço
Obrigada pelo carinho e pala sempre leitura, Isa.
ExcluirAbraço.