Vai e vem o dia inteiro, mês inteiro, ano inteiro.
O preço, o espaço, a marquise, o curso, a escolha, o credo, o medo, a
mentira, o dinheiro, o bilhete.
O rasgo de vida explodindo na cidade de São Paulo.
Uma freira de roupas limpas segue no trem, sentido Capão.
No metrô, sentido Paraíso, Ana Paula ajeita a meia arrastão, com o
prazer do próprio toque simula um riso no canto da boca, finge não sentir o
olhar faminto do senhor gordo e suado que desce na consolação.
Na Rua das Noivas, um policial mal pago e cansado alivia a tensão
enquanto um homem geme de dor, bater e apanhar, bater. Ele bate.
Um mendigo sente o inchaço no olho esquerdo, perdeu um dente e um resto
de dignidade. Seu Zé, alagoano de Arapiraca, vende pamonha e vez ou outra é
roubado, um viciado lhe rouba o dia, vez ou outra um policial lhe tira o couro.
No centro velho da cidade pomposa, as respostas e as perguntas bailam, a
tensão vibra e a dança é dantesca.
Enquanto isso uma mocinha dada aos discursos analisa a sintaxe dos
textos machadianos.
Um abismo dança na cidade de São Paulo.
suas ruas se parecem com as estradas do meu coração.
ResponderExcluirler você é sempre um momento de muito suspiro pra mim, Adilma.
Parabéns por NOTAR sempre os detalhes de tudo/do mundo.
Beijos,
Si