terça-feira, 26 de novembro de 2013

dUAS MENINAS - por Adilma Secundo Alencar.

 A menina desce a rua decidida a lançar o coração como granada, no terreno minado do coração de seu bem só nasce capim-santo, erva-doce. Mas ela insiste em atear fogo, não sabe ainda que a menina dos seus olhos é de água doce, que já nasceu com um beija-flor no peito. Vai fervendo de ira, ciúme e tesão,vai decidida a terminar na contramão do desejo, na ponte dos caminhos óbvios.Ela parte para o encontro com um coração em larvas e chorando uma dor emprestada do mundo. Suas mãos encontram nuvens, mato, manto e renda. Elas costuram entendimento de bicho, silêncio de semente.
O dia é só um lugar de estar. A chuva é cenário. O céu é um tesão vermelho reverberando nos corpos nus,batizados na vontade de laço no lençol com cheiro de flor.
Elas não falam protocolos, não predestinam o dia seguinte. O terreno baldio é jardim e a cidade é um canto de ser feliz, na guerra da vaidade, na raiva. Comungando mel, ela volta com as mãos vazias de granada, com o peito de algodão-doce. E um sorriso que escorrega nos cenários frios da cidade de São Paulo. Reparando bem, são meninas aprendendo beija-flor, comendo manhãs, anunciando rosas e desejos violetas.

São só duas meninas.

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