Manga.
No último domingo de calor e luz, as suas lembranças iluminaram as
paredes do meu quarto. Eu a vi dentro de um raio de sol que me esquentou os
seios e meu sorriso se abriu em intenções ternas e cálidas, porque é de minha
natureza o visgo, o vinho. Eu tomei suas mãos como estrada, e essa constante
ressaca do seu gosto de manga agora é saliva e saudade.
A consulta, a salada, a lotação, o boleto, a luz e a água, tudo na gaveta,
para depois, como tem que ser. O mundo cede à poesia, meu alumbramento passeia
pelos ombros pesados dos homens de vida reta, nas lágrimas absurdas das
mulheres tristes.
Meu susto é um beijo molhado nos sorrisos que seguram a vida rente à
carne.
A raiva não rima com nada, a raiva não sabe dançar. A raiva dá tiro, dá úlcera.
A raiva é o monstro mais feio, mais feio que o abandono.
Hoje, eu só adoeço é desse amor vagabundo que o meu corpo quer. Se
querer bem assim trouxesse de volta o buquê de flores verdes que me levaram.Mas
não,o mar não pode ser minha metáfora.
Foi de espinho e chumbo meu primeiro alumbramento, e agora tudo é pétala
e pele. Para a morena que é de água afloro em sorrisos verdes de meninice desmedida.
Ao homem triste e fechado dou é verbo de lã e fogo. O inferno salta aos olhos,
e eu já sei preferir a saúde de ser doida. Eu jogo flores sobre as armas e sepulto
meus mortos com comida e bebida, de comer e de beber e esquecer o nome.
Eu quero esse susto eterno de desatinar em alecrim e chuva, sol e
margaridas brancas.
É de viver o meu sorriso, é de viver.
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