terça-feira, 22 de abril de 2014

vERDE SEM NOME - por Adilma Secundo Alencar.

    Um homem olhando o mar ficou grande milagrando palavras salgadas: onda, maresia, conchas, pedras, horizonte aberto. Ele quis comer um pedaço daquele verde sem nome, o homem se jogou ao mar e foi abençoado por todo o mistério fundo daquelas águas. Ele pisou na areia molhada e de volta ao trajeto  perdeu a comunicação comum, seus olhos ganharam um arredondamento pueril, desses que as crianças têm antes de um ano de idade.
     Ele movia os olhos translúcidos  e revestia o mundo com um derrame de amor tão bruto que quase fez seu coração, tão quieto até aquele dia,explodir descompassado. Aos poucos foi retomando o equilíbrio físico, digo físico,sim, pois dentro das coisas inquietas que a gente ordena com as palavras, nesse dentro inquieto ele sentia uma chuva de poesia querendo tinta, querendo papel. 
     O milagre que o mar gozou nos dentro daqueles olhos criou poeta, poeta desses de adivinhação. E foi assim que nasceu um artista.Nesse dia ele soube para que veio parar nesse espaço e nesse tempo. 
      O mar criou um artista de olhos marítimos , tudo que ele desenha faz um mar sangrar nos olhos de quem vê.




2 comentários:

  1. Olhos e mares. Ah, como tive ânsias assim.

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  2. Na última vez que vi o mar - e era um mar que jamais tinha visto antes - quis tantas coisas... uma delas foi a vontade absurda de ficar ali. ser água, pedra, alguma coisa boiando na imensidão que eu desconhecia e desejava. Suas crônicas me inspiram, Dilma. Quantas vezes já te disse isso, em?

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