terça-feira, 24 de dezembro de 2013

aZEDO - por Adilma Secundo Alencar.

Os supermercados estão inchados de gente com fome de amor. O preço das ameixas sempre sobe nessa época. Hoje à noite muita gente vai se abraçar com remorso de amor que nunca saiu dos olhos e por dentro não vai sentir fome, vai sentir gosto de palavra azeda, de um sentimento coalhado. Escorrendo um medo de abraçar de verdade, haverá muitas velas e laços e quase ninguém vai dar as mãos.  Panetones caros serão servidos e numa praça da zona sul, o prefeito expulsou os viciados porque eles não combinaram com o verde e o vermelho daquela árvore reluzente. Um menino no interior de Sergipe está a essa hora da manhã trepado num umbuzeiro, porque é tempo de umbu e siriguela, disso ele sabe, disso eu sabia. Mas há o homem de roupa vermelha vendendo sonhos de bicicleta para quem não tem nem ambição, nem tamanho para sentir ódio.


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