terça-feira, 6 de maio de 2014

oLHOS DE ESPANTAR O BREU -por Adilma Secundo Alencar.

Há dias em que não é fácil amolecer o olhar,porque há muita má vontade no mundo. Todo dia tem gente puxando o tapete de outra gente, gente irmã que só por uma estupidez muito grande se estranha.Eu não ligo a TV e quando ligo é para ter certeza que ela deve permanecer desligada, embora não veja com frequência a programação estúpida de nossas novelas açucaradas  e burras e de nossos jornais fedidos de cadáveres abandonados e legisladores engomados,mesmo assim ,ainda assim percebemos a repetição dos discursos de violência que a mídia propaga, nas pessoas próximas, nas conversas na padaria. 
É por pura irresponsabilidade que eu viro a cara para essa luta por uma vida que eu não invejo, eu não invejo homens e mulheres com seus relógios de ponto,seus cargos, suas úlceras comendo o estômago e seus olhos escorrendo ambição, me deixem passar ,senhores e senhoras, minha marca no mundo eu quero deixar nas areias dos oceanos que ainda desconheço, meus signos no mundo são de amor,são de letras derretendo em pressa de corpo.Que Deus não permita que suas mágoas e ambições pequenas e burguesas ,suas ambições de móveis novos e carros do ano  maculem por mais de uma hora meu riso irresponsável de quem ficou a manhã inteira desejando mandar flores,escrever cartas , viajar pra ver o horizonte de um ângulo novo. Eu fiz pacto de riso , fechei o corpo para a mágoa, meus pés são do samba mais que da lida, meus olhos são de meu bem, os faróis são só pedaços de tempo que aguardam coloridos minha passagem para olhar estrelas azuis enfeitando um colo de deusa de água. O sal do suor não produz tumor, passem longe de mim, senhores da guerra. Continuem sua ladainha e deixem meu carnaval,porque a avenida é minha, porque meu batuque não é de sua reza branca,porque eu não sou dada à profecias de fim, ofereço flores as suas armas, e atiço ao mar sua inveja, para ser engolida pelas ondas e pela fundura dos bichos ainda não catalogados.
Ter piedade é humilhar o outro, porque somos todos uma carne repartida, porque somos, mas senti piedade essa semana, tive piedade pela nudez suja que vi nos olhos de gente corrompida por um desejo escroto de fazer o mal, tive também medo e por medo cuidei de minhas flores, semeei minhas sementes de  sorriso no coração de quem me rodeia,porque o único imperativo é ver com olhos de sol, olhos cada vez mais amarelos para espantar o medo e atravessar esse breu que tanta gente alimenta nos olhos.

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