quinta-feira, 29 de maio de 2014

dESAMOR - por Vinícius Linné

Ela não te ama mais. E pediu para eu dizer.

Ela não te ama mais, mas agora coloca mel em todos os chás. (Ele tem a exata cor dos teus olhos). Ela não te ama mais, mas deixa a janela aberta quando há tempestade e sempre que é outono. (Ela sorri toda quando uma folha seca entra pela janela. Era outono quando vocês quase se beijaram, não era?)

Ela não te ama mais, mas agora lê sonetos de Shakespeare. (Em cada um ela vê o teu nome). Ela não te ama mais, mas vê sempre os mesmos filmes, especialmente aquele do DVD que ela embrulhou para te entregar e nunca o fez. (Ela guardou até o embrulho: laço, fita e perfume).

Ela não te ama mais, mas bloqueou teu perfil no Facebook. (Só para não ver tua foto e correr o risco – ridículo – de te amar de novo). Ela não te ama mais, mas ainda ouve todo dia as tuas músicas (E chora, às vezes, naquela de que você gostava mais).

Ela não te ama mais. E pediu para eu dizer.
É verdade. Ela não te ama mais, mas amou.
E, sinceramente, foi a única.

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