quinta-feira, 22 de novembro de 2012

um VERMELHO que não é sangue, nem quente, nem frio - por Simone Huck

-->"Prisioneiros vermelhos", 2011 - Simone Huck

Grito acentos. Perpetuo pontos. Gozo exclamadas interrogações que quase nunca sei - seria vermelha a dúvida que sangra?
Compulsivamente, minha pele queima a fala, a febre, os poros empoeirados que este dia tentou de todas as formas anular. Ilusório. É meu ofício escrever, mesmo que seja quase dezembro.
Danço na reticência da dúvida que não descansa. Quando acabam os significados, a pausa renova o verbo e os versos, as histórias e as verdades. Recomeço, mesmo que seja amanhã, dezembro - um receio vermelho começou a invadir a cidade.

[Objeções.
Pluralidades. 
PALAVRA É ATO. 
ESCREVER É ABRIGO.
HABITO (hábito).]

Deito a cabeça no travesseiro. Fecho os olhos e acendo intenções. Estamos todos repletos delas, mesmo que tenham um alto preço, senhorita doutora. Dezembro nos esmagará.
Já decoramos a casa, a fala, o rascunho e a pretensão. Amanheço escarrando acentos que não engoli de algumas frases que piscaram na sua árvore de natal. Falo e escuto o eco da minha própria palavra no parapeito da minha língua que pergunta - uma intenção vermelha começou a invadir nossos olhos. Dezembro me espera.

[não hospeda.]

2 comentários:

  1. Simone, sua força em vermelho deixa meu olhar vagando significações que suas letras anunciam nesses faróis/letras de VERMELHO. Gosto um tanto, um muito. Um xero.

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  2. Tudo com sabor de reticências - essa pontuação que nos leva direto para o dia seguinte, mas não deixa com um passo pelo caminho. Pode ser que o amanhã não aconteça.

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