Botou o peito na rua a pichar muros, atirar pedras e desviar de bombas. Expulsou o coração aos protestos, aos gritos, às placas grandes que poetizavam sobre a política.
Fez o peito beber do vinagre que carregava nos bolsos. Espirrou pimenta nos seus olhos e lhe ensinou uma canção de guerra. Bateu-lhe com um cassetete até saltarem-lhe os miolos. Depois o beijou. Mentira.
Fez o peito cheirar armas e bramir flores, disparando ora pétalas, ora balas de borracha, ora obscenidades de quartel, ora quintanares...
Derrubou o peito no chão e o pisoteou até não mais poder. Depois, esperou que alguém o levasse para uma ambulância. Mentira. Colocou o peito em um camburão e o mandou prestar esclarecimentos. Ligou para o pai e a mãe do peito e deu-lhes a absolvição. Mentira.
Não havia respeito? Fez o peito chorar e pedir que fossem para suas casas, que estabelecessem a ordem, que abandonassem a rua e não gritassem nunca mais. Estava farto. Vestiu o peito de farda, beijou-lhe a mulher no portão e disse-lhe que voltava, que se ninguém o matasse, voltava.
Ouviu do peito a ordem de atirar.
E atirou.
Atirou-se.
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