Você me dá vontade de escrever. Mas eu não posso lhe culpar por isso, posso? Posso tanto quanto você pode me culpar pelas vontades que me dá. Vontade de escrever é só uma delas.
Tem a vontade de ser você. De ter a sua solidão - maior do que a minha. De olhar as coisas por dentro dos seus olhos, ver no espelho outro rosto (e também não gostar), de aprofundar o escuro da alma e de ter escrito a dança das águas.
Tem a vontade de ver você. De beber um café ao seu lado, de sorrir e lhe ver esconder o sorriso por conta de uma falha nos dentes. De falar sobre o tanto em comum e suspirar num mesmo tom dobrado.
Tem a vontade de ter você. De tirar roupas, acessórios, medos, vergonhas, sensatezes, de engolir e ser engolido pela mais pura volúpia que há tempos marina (em ti).
Tem a vontade de perder você. De ir embora depois de muitas noites e sumir, só para poder sentir tua falta, só para olhar pela janela do apartamento e ter a vontade intensa de me jogar.
Tem a vontade, por fim, de escrever você. De te criar dentro dos meus meios, meus textos, minhas poesias de rima ruim. Vontade de te colocar entre meus dedos, expurgando meus medos e fazendo o que eu quiser de ti. Vontade de ora te fazer protagonista, ora cadáver. Ora reticências... ora ponto. E bem final.
Eta,Linné ,que vontade mais bonita essa que te dão.
ResponderExcluirTexto bonito.Um xero,Linné.