Esse mês é o seu cheiro arrebentando minha janela, já foi dito que as flores vão dançar blues e frevo. Na minha rotina, eu anotei a chegada dos seus encantos com caneta bic azul, meu calendário sorriu. Fui à padaria e comprei queijo, cigarros. Vi uma mulher triste vendendo vasos de planta, vi um menino correr atrás da pipa. Depois fui à feira, seu Zé insiste em me oferecer jaca, quando eu só quero maçã e abacate.
Pimenta do reino, coentro, orégano e todas as folhas frescas forrando a barraca, toda comida quer nosso prato, quer alimentar nossa razão de colher. As minhas mãos ocupadas com as sacolas da feira, uma preguiça de subir a rua, mas os ipês roxos, amarelos, as folhas molhadas e visguentas no chão me abriram o olhar em graça. Cortar verduras, abrir melancia e memória, salpicar orégano e ternura, beber caldo de cana e ouvir Alceu, minha manhã foi toda cor, foi todo ritual de esperar seu abrir de olhos.
Não sei se te contei, Adilma. Mas quase sempre que te leio, uma inspiração me atinge e rabisco alguma coisa bonita. Gosto das suas coisas. Gostei de ler sua espera.
ResponderExcluirBeijos,
HUck