Geraldine Georges
Teu
olho me goza.
Tua
boca me enforca.
Tua
faca me conta.
Tua
palavra me risca.
Teu
suspiro me olha.
Tua
corda me habita.
Teu
beijo me disfarça.
Tua
pele me frita.
Pronto. Tatuarei de
vermelho e com letras garrafais todas essas confissões no meu
antebraço. E com o mesmo antebraço seguido da minha mão, invadirei
sua cara com tanta força que construirei um hematoma no seu rosto.
Um quadro sanguíneo pendurado na sua cara. E se eu usar o anel
chuveiro que você me deu, com diamantes e safiras, conseguirei
perfurar seu olho e cegar parte da sua visão. Você merece uma longa
vernissage. Teu olho há de me gozar.
Você não poderá
falar nada. Farei tudo isso no meio do seu trabalho. Invadirei sua
sala de reunião com toda a diretoria. Vou picar aquele vestido
verde, da Animale, que você me deu na primeira vez que foi na
minha casa. Qualquer semelhança de atitude com o nome da marca não
será mera coincidência. Vou deixá-lo bem pequenininho no meu
corpo, e olharei para cada homem que tentar te defender e gritarei
“quem se atreve a ser o próximo?”. E vou gargalhar muito alto,
feito louca, descabelada, com a maquiagem borrada, mas acima de tudo
gostosa, muito gostosa. A dúvida não estará em pauta. Teu suspiro há de me olhar.
Depois que eu
arrebentar a sua cara. Vou abrir toda a sua camisa fazendo voar botão
por botão. Minhas unhas estarão grandes e afiadas do jeito que você
sempre gostou. Um punhal de osso humano e quente, pra te fazer
carinho, meu bem. E vou cravá-las no seu mamilo, descer pelo músculo
reto do seu abdome até chegar na sua crista ilíaca. Onde finalmente
perfurarei com cada dedo que você um dia jurou amar, o tamanho da sua mentira. Tua corda há
de me habitar.
E quando os seguranças
invadirem a sala pra te defender, vou correr até a sua janela no
vigésimo sétimo andar e ameaçar saltar, perfumada e linda, a menos
que me obedeçam e peguem o seu HD, que roubei da sua casa e trouxe naquela bolsa da Louis Vuitton que você me deu quando me pediu em noivado, e
coloquem no sistema de vídeo do prédio todo sua coleção particular de imagens. Quero que todas as
salas e todas as pessoas, dos trinta andares, vejam os inúmeros
vídeos eróticos que você gravou jurando que era a primeira vez, das inúmeras mulheres que você disse que
amou. Nesse momento, meu amorzinho, tua pele finalmente há de me fritar.
E quem gozará, serei apenas eu. Vingada e linda.
"Ops"...borrou o meu
batom!
No elevador tem
espelho? Preciso me retocar antes de ir sorrindo pra delegacia.
Brilhante!
ResponderExcluirAbraço
Muito bom,Si.Adorei. Desses textos que a gente corre o olhar ansioso pra saber!!!
ResponderExcluirUm xero.