Géraldine Georges
Havia sangue em todos
os cômodos do pequeno apartamento. Havia sangue em sua roupa. Entre
sua saliva. No meio das suas tranças e pernas magras. Havia sangue
em suas lágrimas. No meio das coisas que não foram percebidas. Tudo fora tingido com a mais violenta
intenção. Não; não queria fazer nenhum mal. Não havia ódio.
Talvez houvesse o contrário disso: rastros de um hediondo amor que
lhe secava a boca e os cílios. Precisava libertar-se e não sabia
fazer de outra forma. A violência permitida pintava as paredes e o
corpo e finalmente lhe trazia paz. Quando a alma grita, o corpo
descansa.
Um copo de vinho, ou de sangue, ou simplesmente silêncio.
O vermelho era doce. Lembrava uma bandeira branca que a seu modo,
declarava paz. Paz escorrida.
Naquela noite ela
dormiria numa poça de sangue sorrindo. Quando ele entrasse pela
porta do pequeno apartamento não teria mais dúvida de que era amor. Amor líquido.
Adoro seus escritos,Simone.
ResponderExcluirDe sangue ,de unha,de pó.Sua sintaxe,SUA.
Parabéns.Um xero.