Vive, amor, vive.
Por amor também se é triste.
Eu te disse o que fazer. Ajeitei a porta do armário,
cuidei para que não lhe faltassem flores. Eu lhe apresentei à noite, você já
sabe que o sereno e o samba expulsam a doença dos nervos, sabe também que
aquele café no final da avenida está sempre aberto.
Cuida do pé de jabuticaba e não usa cores escuras no
quarto, no quarto a paz metafórica é bem vinda.
Faz a barba vez em quando, mas deixa que cresça aos
finais de semana, nos feriados prolongados. A barba te dá uma tristeza rude e
desconserta esses seus olhos de água. Joga fora minha colcha de retalhos, não é
ciúme, mas não deita outra mulher em cima dela. É só um cuidado besta, mas
cuida disso.
Não esquece que esse ano o Chico Buarque fará show na
cidade, se lembra de não me dizer que irá, lembra que minha dor demora, porque
eu sou errante nisso de amar.
Eu arrumei seus filmes e documentários, cuida deles. Tenta
pelo menos usar o espanador que está no armário da cozinha e usa sempre aquela
marca de café, você não presta atenção aos detalhes.
Deixa essa raiva passar e entrega de novo seu amor
que é maciço e são, é um mar.
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